
O Brasil é um país continental, cheio de diversidades culturais e figuras que se destacam como referência nacional e internacional. Tomo a liberdade de falar sobre um deles, por saber que será homenageado nessa segunda-feira (16) com o título de Embaixador.
Seu trabalho ultrapassou fronteiras, sua vida é o reflexo de “para viver um grande amor” de sua autoria ou “que seja eterno enquanto dure”, por ser uma pessoa apaixonada e livre, alguém que contribuiu grandemente para a cultura do Brasil.
Refiro-me é claro ao “poetinha” Vinicius de Moraes, uma dessa figuras que dão sentido a vida do homem e que marcam sua presença de forma positiva e eficiente, a quem consideramos um dos maiores poetas brasileiros.
O sentimentalismo sempre foi seu ponto forte, suas obras estão repletas de paixões, canções e ritmos. Conquistou inúmeros admiradores e amigos, fez parcerias geniais com Tom Jobim, Toquinho, Baden Powel, Chico Buarque entre outros expoentes da música brasileira.
Vinicius de Moraes nasceu em 1913, no Rio de Janeiro. Sua primeira composição foi, em 1927, com os irmãos Paulo e Haroldo Tapajóz, com quem formou um pequeno conjunto musical que atuava em festinhas, em casas de conhecidos. Destacando-se com o sucesso de "Loura ou morena" e "Canção da noite".
Formou-se em Direito em 1933 ao mesmo tempo em que concluiu o Curso Oficial da Reserva.
Estimulado por Otávio de Faria, publicou seu primeiro livro, O caminho para a distância e mais tarde em 1935, seu livro de poesias Forma e exegese ganharia o prêmio Felipe d'Oliveira.
No ano de 1936 substitui Prudente de Moraes Neto no Ministério da Educação junto à Censura Cinematográfica. Nesse período publica, em separata, o poema "Ariana, a mulher" e conhece Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, seus futuros amigos.
Recebe em 1938, uma bolsa de estudos e vai para Universidade de Oxford. Em Londres trabalha como assistente do programa brasileiro da BBC. Conhece o poeta e músico Jayme Ovalle, de quem se tornaria um dos maiores amigos. Retorna ao Brasil devido à eclosão da II Grande Guerra.
São lançados, Cinco Elegias, em 1943, e Poemas, Sonetos e Baladas, escrito em 1946, que já começam a mostrar o poeta sensual e lírico, mas, como ele próprio disse um "poeta do cotidiano”.
Casa-se com Beatriz Azevedo de Mello com quem tem sua primeira filha Suzana, segundo seus biógrafos Vinicius teve oficialmente nove mulheres e quando questionado, certa vez, sobre quantas vezes iria se casar respondeu “quantas forem necessárias”.
Ingressa, por concurso, na carreira diplomática, iniciando sua carreira em 1946 ao assumir como vice-consul do Brasil em Los Angeles, Califórnia (USA). Inicia seus estudos de cinema com Orson Welles e Gregg Toland.
Em 1953, compõe seu primeiro samba, música e letra, "Quando tu passas por mim". Parte para Paris como segundo secretário de Embaixada. Escreve Orfeu da Conceição, obra que em filme recebeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes e o Oscar, em Hollywood, como o melhor filme estrangeiro do ano. Sai nesse ano sua primeira edição de Antologia Poética. Em 1957, no Brasil, publica o Livro de Sonetos.
É transferido da Embaixada em Paris para a Delegação do Brasil junto à UNESCO. No final do ano é transferido para Montevidéu.
Em 1958, sai o LP "Canção do amor demais", de músicas suas com Antônio Carlos Jobim, cantadas por Elizete Cardoso. Nesse disco ouve-se o ritmo do que viria a ser chamado de bossa nova, no violão de João Gilberto, que acompanha a cantora em algumas faixas, entre as quais o samba "Chega de saudade", considerado o marco inicial do movimento.
O ano de 1959 marca o lançamento do LP "Por toda a minha vida", de canções suas com Jobim, pela cantora Lenita Bruno.
No ano seguinte, retorna à Secretaria de Estado das Relações Exteriores. Começa a compor com Carlos Lyra e Pixinguinha. Dá início à composição de uma série de afro-sambas, em parceria com Baden Powell, entre os quais "Berimbau" e "Canto de Ossanha". Com Carlos Lyra, compõe as canções de sua comédia musicada Pobre menina rica.
Em agosto de 1962, faz seu primeiro show, obtendo grande repercussão, ao lado de Jobim e João Gilberto, na boate "Au Bon Gourmet", iniciando a fase dos "pocket-shows", onde foram lançados grandes sucessos internacionais como "Garota de Ipanema" e "Samba da benção". É lançado o livro Para viver um grande amor. Grava como cantor, um disco com a atriz e cantora Odete Lara.
Em 1963, inicia uma parceria que produziria grandes sucessos com Edu Lobo. Retorna a Paris, assumindo posto na Delegação do Brasil junto à UNESCO. No início da revolução de 1964, retorna ao Brasil e colabora com crônicas semanais para a revista "Fatos e Fotos", ao mesmo tempo em que assinava crônicas sobre música popular para o "Diário Carioca". Começa a compor com Francis Hime e Dorival Caymmi. Lança em show o Quarteto em Cy.
Em 1967, sai à sexta edição de sua Antologia Poética e a segunda de Livro de Sonetos (aumentada). É colocado à disposição do governo de Minas Gerais no sentido de estudar a realização anual de um Festival de Arte em Ouro Preto. Sendo em 1969, exonerado do Itamaraty.
Em 1972, na Itália, numa espécie de auto-exílio, lança com Toquinho o LP "Per vivere un grande amore".
Participa de um grande show no "Canecão", no Rio, com Tom Jobim, Toquinho e Miúcha.
No dia 09 de julho de 1980 morre de edema pulmonar, em sua casa na Gávea, em companhia de Toquinho e de sua última mulher.
Resgatar, através dessa homenagem a importância do Vinícius de Moraes, promoção a ministro de primeira classe – Embaixador, pelo Itamaraty é claramente certificar que seu trabalho alargou fronteiras e tornou o Brasil mais conhecido no mundo, ratificando sua condição de um brasileiro a serviço de seu país.