sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Nosso lixo de cada dia

O mundo moderno trouxe muitas coisas boas, oportunidades e qualidade de vida, porém com ele também vieram o descaso, a falta de respeito e as diversidades de comportamentos aos quais ficamos sujeitos diariamente na nossa convivência social, o resíduo sólido urbano (lixo) está cada vez mais socializado, pois convivemos com aqueles que nunca vimos ou sequer contribuímos para produzi-lo.
Definimos como lixo todo o tipo de material desnecessário não aproveitável ou indesejado, originado no processo de produção e consumo de produtos úteis; tudo o que se retira de casa ou de qualquer lugar para o tornar limpo; sobras; detritos; coisas inúteis.
Inicialmente o lixo era representado basicamente por restos de alimentos e foi a partir da industrialização que o homem se viu cercado de uma grande quantidade de embalagens que contribuíram para o aumento do volume desses resíduos nas zonas urbanas. Ainda, o crescimento populacional urbano é fator preponderante para esse acréscimo expressivo na quantidade de lixo produzido e que hoje representa um problema mundial por aumentar consideravelmente a poluição do solo, das águas e interagir nas condições de saúde pública.
Sair pelas ruas de Passo Fundo e desfrutar de sua beleza está cada vez mais difícil, não que nos falte belas praças, monumentos, ruas e calçadas, mas por que elas estão cada vez mais sujas, o lixo divide espaço com os pedestres e se acumulam interminavelmente, o serviço de limpeza não dá conta de tanta falta de capricho e consciência, parecendo-nos que ninguém se importa. São papéis, garrafas, latas e outros tipos de entulhos que estamos acostumados a desviar quando caminhamos pelas ruas, sem muitas vezes, nos dar-mos conta que aquilo não deveria estar ali, pois já está incorporado a paisagem urbana.
Somos a capital nacional da literatura, a cidade mais gaúcha do Rio Grande do Sul, pólo e excelência na área médica, temos várias escolas espalhadas pela cidade, universidade e faculdades que nos caracterizam como uma cidade da educação, mas isso tudo não é o bastante para chegar àqueles que inadvertidamente ou por relaxamento mesmo jogam lixo nas ruas ignorando suas conseqüências.
Quantas vezes vemos impotentes as pessoas jogarem papel no chão, toco de cigarro, latas e garrafas ou ainda ao levar seu cãozinho para passear, o fazem deixando um rastro de dejetos como se nada tivessem a ver com isso, afinal às ruas, as calçadas e as praças são públicos, eles se acham no direito de fazer o que bem entendem.
Analisemos o significado de público que estas pessoas deveriam saber: ser público significa ser nosso, de todos e o fato de não pertencer a um único indivíduo requer maior comprometimento com sua preservação e cuidados, é um patrimônio a ser deixado as próximas gerações, mas para que estes possam usufruir de uma natureza pura e em condições de ser utilizada precisa ser conservada.
Vemos, constantemente, um vandalismo descontrolado de destruição do patrimônio público, o descontrole e a ingerência no que se referem os resíduos, não só por uma produção quantitativa, mas também pela falta de educação ecológica da nossa população, o que precisamos fazer então para levar a lixeira a essas pessoas! Esse é um desafio que deve ser assumido por órgãos públicos, meios de comunicação, escolas e a própria sociedade de uma forma mais contundente provocando uma mudança no comportamento do cidadão passo-fundense.
Acredito que essa geração dos maus hábitos ainda tem condições de mudar, mas somente com medidas sérias de esclarecimentos e campanhas permanentes de respeito ao vizinho e a natureza, poderão provocar uma mudança comportamental, definindo novas estratégias para controle e preservação dos processos de produção e distribuição do lixo, a reciclagem deve ser o foco de disputa pelo lixo que ocupa nossas ruas e calçadas liberando esses preciosos espaços, buscar sujeitos que façam sua parte, através do simples gesto de jogar seu lixo no local apropriado - a lixeira, dando com isso bons exemplos a seus semelhantes e contribuindo para uma cidade mais limpa.
Felizes os educadores por terem a oportunidade de trabalhar esse tema com seus alunos, lá nas séries iniciais onde se formam bons hábitos e valores, conscientizando-os da importância do meio ambiente para nossa própria sobrevivência e quem sabe no futuro consigamos resolver esse problema que hoje pode ser medido semanalmente em porções de toneladas.
O simples fato de jogar um papel no chão, repetidas vezes, por inúmeras pessoas reflete negativamente e provoca graves problemas como entupimento dos bueiros, enchentes e alagamentos em épocas de chuva, prejuízos financeiros que poderiam ser aplicados em outros setores carentes, levando aos córregos e rios o lixo que vai poluir ainda mais a natureza, agindo como efeito cascata comprometendo todo ecossistema.
O acúmulo desses resíduos sólidos nas cidades, além do mau cheiro, contribui para atrair moscas, baratas, ratos e outros parasitas que podem ser um foco de proliferação de várias doenças.
Ter o controle e fazer a seleção do lixo produzido em nossas casas é um dever que devemos assumir, pois só assim conseguiremos manter nossa cidade limpa, tornando-a mais agradável e livre de focos de doenças.
Precisamos buscar a defesa do nosso quintal, da nossa rua, do nosso bairro, enfim do nosso meio ambiente com ações educativas e positivas que acelerem a conscientização ambiental para protegermos nosso patrimônio natural e nossa saúde, através de gestos simples como:

- Acondicionar o lixo em sacos plásticos apropriados;
- Não jogar lixo nas pias e vasos sanitários;
- Não queimar o lixo, pois polui o meio ambiente;
- Não jogar entulho nas ruas ou terrenos baldios;
- Fazer a seleção do lixo produzido;
- Procurar incentivar a reciclagem.

Devemos investir em projetos educacionais que focalizem e discutam os problemas provocados pela má educação ambiental, buscar legislação e cumprimento desta, a exemplo da Lei Federal nº 5940/06 que institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, diretamente na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis, entre as alternativas pertinentes.
A identificação do problema começa na sua classificação, o lixo poder ser divido da seguinte forma:
a) Lixo urbano - resíduos sólidos, inclua-se aos resíduos domésticos, industriais domiciliares (pequena indústria de fundo de quintal) e resíduos comerciais.
b) Lixo domiciliar - resíduos sólidos de atividades residenciais contêm muita quantidade de matéria orgânica, plástico, lata, vidro.
c) Lixo comercial - resíduos sólidos das áreas comerciais composto por matéria orgânica, papéis, plástico de vários grupos.
d) Lixo público - resíduos sólidos produto de limpeza pública (areia, papéis, folhagem, poda de árvores).
e) Lixo especial - resíduos geralmente industriais, merece tratamento, manipulação e transporte especial: pilhas, baterias, embalagens de agrotóxicos, embalagens de combustíveis, de remédios ou venenos.
f) Lixo industrial - Nem todos os resíduos produzidos por indústria, podem ser designados como lixo industrial. Algumas indústrias do meio urbano produzem resíduos semelhantes ao doméstico, exemplo disto são as padarias; os demais poderão ser enquadrados em lixo especial e ter o mesmo destino.
g) Lixo de serviço de saúde (RSSS) - Os serviços hospitalares, ambulatoriais, farmácias, são geradores dos mais variados tipos de resíduos sépticos, resultados de curativos, aplicação de medicamentos que em contato com o meio ambiente ou misturado ao lixo doméstico poderão ser patógenos ou vetores de doenças, devem ser destinados a incineração.
h) Lixo radioativo - Produto resultante da queima do combustível nuclear, composto de urânio enriquecido com isótopo atômico 235. A elevada radioatividade constitui um grave perigo à saúde da população, por isso deve ser enterrado em local próprio, inacessível.
i) Lixo espacial - Restos provenientes dos objetos lançados pelo homem no espaço, que circulam ao redor da Terra com a velocidade de cerca de 28 mil quilômetros por hora. São estágios completos de foguetes, satélites desativados, tanques de combustível e fragmentos de aparelhos que explodiram normalmente por acidente ou foram destruídos pela ação das armas anti-satélite

Como são feitos de vários tipos de materiais e dependerem de vários fatores para sua decomposição, podem legar séculos para se decomporem. Vejamos alguns exemplos de materiais que nos mostram o quanto é preocupante a situação do acúmulo desses resíduos e sua relação com o futuro do planeta.

Tempo de Decomposição dos Materiais
Aço ..........................................mais de 100 anos
Alumínio.................................200 a 500 anos
Cerâmica................................indeterminado
Chicletes.................................5 anos
Cordas de nylon.....................30 anos
Embalagens Longa Vida.......Até 100 anos (alumínio)
Embalagens PET...................Mais de 100 anos
Esponjas.................................indeterminado
Filtros de cigarros.................5 anos
Isopor.....................................indeterminado
Louças....................................indeterminado
Luvas de borracha...............indeterminado
Metais (componentes equip.)....................Cerca de 450 anos
Papel e papelão....................Cerca de 6 meses
Plásticos (embalagens, equip.).......................Até 450 anos
Pneus.....................................indeterminado
Sacos e sacolas plásticas......Mais de 100 anos
Vidros.....................................indeterminado
Fonte: ambientebrasil, Lixo.com.br

MATERIAL RECICLADO....... PRESERVAÇÃO....... DECOMPOSIÇÃO
1000 kg de papel....... o corte de 20 árvores....... 1 a 3 meses
1000 kg de plástico... extr. milhares litros petróleo... 200 a 450 anos
1000 kg de alumínio.... extr. 5000 kg minério... 100 a 500 anos
1000 kg de vidro....... extr.1300 kg areia....... 4000 anos
Fontes: Universidade Federal do Paraná - www.floresta.ufpr.br

Faz-se necessário sabermos também quais os tipos e materiais que podem ser reciclados para poder, com essa informação, traçar estratégias de como lidar com esse tipo de resíduo. Podemos reciclar, por exemplo: Papel: jornais, revistas, caixas de Papelão, formulários, cartolinas, impressos em geral e embalagens tetra pak; Metais: Latas de alumínio, óleo, sardinha, molho de tomate, ferragens, Canos, esquadrias e Arame; Plásticos: Tampas, potes de alimentos, PET, garrafas de água mineral, recipientes de limpeza, PVC, sacos plásticos, brinquedos e baldes; Vidros: potes, copos, garrafas, embalagens de molho e frascos de vidro em geral;
Visto isso, podemos buscar a conscientização da importância da coleta seletiva para um melhor controle do lixo produzido e também a busca de investimentos públicos e privados nesse setor são fatores determinantes para o encaminhamento de uma solução favorável de forma ecológica e econômica.
Da mesma forma precisamos melhorar como pessoas e como depositários de um planeta carente de cuidados, contribuindo para busca de soluções e o desenvolvimento sustentável, sob pena de pagarmos um preço alto demais pelo nosso lixo de cada dia.

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