segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Vinicius - o Embaixador

O Brasil é um país continental, cheio de diversidades culturais e figuras que se destacam como referência nacional e internacional. Tomo a liberdade de falar sobre um deles, por saber que será homenageado nessa segunda-feira (16) com o título de Embaixador.

Seu trabalho ultrapassou fronteiras, sua vida é o reflexo de “para viver um grande amor” de sua autoria ou “que seja eterno enquanto dure”, por ser uma pessoa apaixonada e livre, alguém que contribuiu grandemente para a cultura do Brasil.

Refiro-me é claro ao “poetinha” Vinicius de Moraes, uma dessa figuras que dão sentido a vida do homem e que marcam sua presença de forma positiva e eficiente, a quem consideramos um dos maiores poetas brasileiros.

O sentimentalismo sempre foi seu ponto forte, suas obras estão repletas de paixões, canções e ritmos. Conquistou inúmeros admiradores e amigos, fez parcerias geniais com Tom Jobim, Toquinho, Baden Powel, Chico Buarque entre outros expoentes da música brasileira.

Vinicius de Moraes nasceu em 1913, no Rio de Janeiro. Sua primeira composição foi, em 1927, com os irmãos Paulo e Haroldo Tapajóz, com quem formou um pequeno conjunto musical que atuava em festinhas, em casas de conhecidos. Destacando-se com o sucesso de "Loura ou morena" e "Canção da noite".

Formou-se em Direito em 1933 ao mesmo tempo em que concluiu o Curso Oficial da Reserva.

Estimulado por Otávio de Faria, publicou seu primeiro livro, O caminho para a distância e mais tarde em 1935, seu livro de poesias Forma e exegese ganharia o prêmio Felipe d'Oliveira.

No ano de 1936 substitui Prudente de Moraes Neto no Ministério da Educação junto à Censura Cinematográfica. Nesse período publica, em separata, o poema "Ariana, a mulher" e conhece Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, seus futuros amigos.

Recebe em 1938, uma bolsa de estudos e vai para Universidade de Oxford. Em Londres trabalha como assistente do programa brasileiro da BBC. Conhece o poeta e músico Jayme Ovalle, de quem se tornaria um dos maiores amigos. Retorna ao Brasil devido à eclosão da II Grande Guerra.

São lançados, Cinco Elegias, em 1943, e Poemas, Sonetos e Baladas, escrito em 1946, que já começam a mostrar o poeta sensual e lírico, mas, como ele próprio disse um "poeta do cotidiano”.

Casa-se com Beatriz Azevedo de Mello com quem tem sua primeira filha Suzana, segundo seus biógrafos Vinicius teve oficialmente nove mulheres e quando questionado, certa vez, sobre quantas vezes iria se casar respondeu “quantas forem necessárias”.

Ingressa, por concurso, na carreira diplomática, iniciando sua carreira em 1946 ao assumir como vice-consul do Brasil em Los Angeles, Califórnia (USA). Inicia seus estudos de cinema com Orson Welles e Gregg Toland.

Em 1953, compõe seu primeiro samba, música e letra, "Quando tu passas por mim". Parte para Paris como segundo secretário de Embaixada. Escreve Orfeu da Conceição, obra que em filme recebeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes e o Oscar, em Hollywood, como o melhor filme estrangeiro do ano. Sai nesse ano sua primeira edição de Antologia Poética. Em 1957, no Brasil, publica o Livro de Sonetos.

É transferido da Embaixada em Paris para a Delegação do Brasil junto à UNESCO. No final do ano é transferido para Montevidéu.

Em 1958, sai o LP "Canção do amor demais", de músicas suas com Antônio Carlos Jobim, cantadas por Elizete Cardoso. Nesse disco ouve-se o ritmo do que viria a ser chamado de bossa nova, no violão de João Gilberto, que acompanha a cantora em algumas faixas, entre as quais o samba "Chega de saudade", considerado o marco inicial do movimento.

O ano de 1959 marca o lançamento do LP "Por toda a minha vida", de canções suas com Jobim, pela cantora Lenita Bruno.

No ano seguinte, retorna à Secretaria de Estado das Relações Exteriores. Começa a compor com Carlos Lyra e Pixinguinha. Dá início à composição de uma série de afro-sambas, em parceria com Baden Powell, entre os quais "Berimbau" e "Canto de Ossanha". Com Carlos Lyra, compõe as canções de sua comédia musicada Pobre menina rica.

Em agosto de 1962, faz seu primeiro show, obtendo grande repercussão, ao lado de Jobim e João Gilberto, na boate "Au Bon Gourmet", iniciando a fase dos "pocket-shows", onde foram lançados grandes sucessos internacionais como "Garota de Ipanema" e "Samba da benção". É lançado o livro Para viver um grande amor. Grava como cantor, um disco com a atriz e cantora Odete Lara.

Em 1963, inicia uma parceria que produziria grandes sucessos com Edu Lobo. Retorna a Paris, assumindo posto na Delegação do Brasil junto à UNESCO. No início da revolução de 1964, retorna ao Brasil e colabora com crônicas semanais para a revista "Fatos e Fotos", ao mesmo tempo em que assinava crônicas sobre música popular para o "Diário Carioca". Começa a compor com Francis Hime e Dorival Caymmi. Lança em show o Quarteto em Cy.

Em 1967, sai à sexta edição de sua Antologia Poética e a segunda de Livro de Sonetos (aumentada). É colocado à disposição do governo de Minas Gerais no sentido de estudar a realização anual de um Festival de Arte em Ouro Preto. Sendo em 1969, exonerado do Itamaraty.

Em 1972, na Itália, numa espécie de auto-exílio, lança com Toquinho o LP "Per vivere un grande amore".

Participa de um grande show no "Canecão", no Rio, com Tom Jobim, Toquinho e Miúcha.
No dia 09 de julho de 1980 morre de edema pulmonar, em sua casa na Gávea, em companhia de Toquinho e de sua última mulher.

Resgatar, através dessa homenagem a importância do Vinícius de Moraes, promoção a ministro de primeira classe – Embaixador, pelo Itamaraty é claramente certificar que seu trabalho alargou fronteiras e tornou o Brasil mais conhecido no mundo, ratificando sua condição de um brasileiro a serviço de seu país.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O físico Stephen Hawking defende que a humanidade está acabando rapidamente com os recursos naturais da Terra e que o nosso código genético ainda "carrega instintos egoístas e agressivos". "Nossa única chance de sobrevivência em longo prazo seria espalhar a humanidade no espaço".

Cientistas estimam que levaria pelo menos 50.000 anos para chegar na estrela mais próxima, com a tecnologia de propulsão atual. Para chegar lá com vida, os humanos teriam que desenvolver uma tecnologia que colocasse as espaçonaves a uma velocidade próxima da luz além de se proteger da radiação cósmica durante a viagem.

O imaginário popular nos leva a olhar para o céu à noite e pensar - Estamos sozinhos? Eu particularmente acredito que não. Embora essa afirmação se perca nos devaneios das pessoas e mesmo nos meus pois sabemos que as possibilidades, pelo menos no nosso sistema solar, são difíceis.

Seja pelas condições físicas dos outros planetas do nosso sistema solar, seja pela tecnologia que dispomos hoje, embora avançada, ainda carece de uma série de inovações e crescimento para que possamos procurar pensar em habitar outros planetas.

A identificação de um corpo celeste que desse condições de sobrevivência ao ser humano, seja pelas questões atmosféricas, a existência de água ou condições semelhantes a que estamos acostumados se perde na distância que precisaríamos percorrer para chegar lá inteiros.

Nossa ciência, apesar de progressista, precisa de descobertas que considerem o deslocamento rápido e eficiente, o gasto de combustível e o armazenamento de alimentos, problemas que precisam ser pensados, sem contar é claro com o tempo que se gastariamos para chegar logo ali no nosso quintal espacial já que conhecemos pouco do universo.

Com relação à afirmação do grande cientista Stephen Hawking concordo que o homem está cada vez menos humano, que talvez nos perdemos ou desapareceremos pela ação do dedo de um governante menos racional e que a parte da solução seria explorar o espaço em busca de novas fronteiras.

Os mísseis e as armas nucleares que estão por aí em vários países que hoje se dizem amantes da paz, da racionalidade, mas que amanhã podem ter outra interpretação ou outros interesses podem interferir diretamente em nossas vidas.

Usar a tecnologia do átomo para fins pacíficos, como faz o Brasil, é muito bom, contudo precisamos saber que nem todos pensam dessa forma e que alguns não exitariam em usar suas armas para acabar com os seus oponentes.

Espalhar a raça humana pelo universo talvez só iria multiplicar esse pensamento de dominação, de segregação, de individualidade que muitos têm, precisamos de algo que mude de vez os paradigmas da civilização, pois a história tem mostrado o quanto podemos ser cruéis e desumanos.

O homem é um animal e como tal procura dominar seus semelhantes e os demais habitantes do planeta, o que fazer com um ser que acredita que para sobreviver precisa lutar e sobrepujar até mesmo seu semelhante? Devemos procurar na configuração genética uma solução para isso! Ou seria preciso um grande cataclisma que mudasse a percepção do homem com relação a sua existência e ao mundo que o cerca.

Creio que a educação, a conscientização ou a publicidade no sentido de melhorar a raça humana é um paliativo que não dará muito resultado, pelo menos a curto prazo, pois como foi dito a humanidade carrega "instintos egoístas e agressivos", em seus genes, como podemos então esperar que num reflexo de racionalidade possamos dizer não a violência, não a desumanidade que toma conta de quase toda a raça humana.

Acreditar que podemos mudar e que talvez o homem ainda tenha solução como ser humano, apesar de tudo, é essencial para que possamos continuar lutando por dias melhores, pelo progresso da humanidade e pela própria sobrevivência do ser humano.

Para viver um grande amor

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.

Vinícius de Moraes

domingo, 8 de agosto de 2010

DIA DOS PAIS!

Uma noite eu tive um sonho:

Sonhei que estava andando na praia com o Senhor, e através do céu, passavam cenas da minha vida. Para cada cena que se passava, percebi que eram deixados dois pares de pegadas na areia; Um era meu e o outro era do Senhor. Quando a última cena da minha vida passou diante de nós, olhei para trás, para as pegadas na areia, e notei que muitas vezes, no caminho da vida, havia apenas um par de pegadas na areia.

Notei também que isto aconteceu nos momentos mais difíceis e angustiosos do meu viver. Isso aborreceu-me.

Então perguntei ao Senhor:

- Senhor, Tu me disseste que, uma vez que resolvesse Te seguir, Tu andarias sempre comigo, em todo o meu caminho, mas notei que durante as maiores tribulações do meu viver, havia apenas um par de pegadas na areia. Não compreendo porque nas horas em que mais necessitava de Ti, Tu me deixastes...

O Senhor respondeu:

- Meu precioso filho, eu te amo, e jamais te deixaria nas horas de tua prova e de teu sofrimento. Quando vistes na areia apenas um par de pegadas, foi exatamente aí, que eu te carreguei nos Braços.