Eu ou Ego!
O ser humano vive em um mundo competitivo, onde na maioria das vezes não
consegue tudo o que deseja, onde observa que uns poucos possuem muito e
muitos possuem quase nada, onde uns se destacam e outros não, onde
existem diferenças que influenciam constantemente a maneira do ser humano
ver a vida e de se comportar frente a certas situações.
Quando vivenciamos estas situações sujeitas diretamente aos apelos do ego
nos deparamos com sentimentos conflitantes e por vezes transcendemos o
nosso Eu interior, alimentando sentimentos primitivos de desconforto, raiva e
até vingança, por nos colocarmos numa posição de inferioridade frente a uma
situação, experimentando sensações negativas que nos fazem ficar “armados”
contra uma ameaça que criamos dentro de nós mesmos.
Devemos ter em mente que ao protagonizamos situações através da nossa
exposição e atitudes, ficamos sujeitos as situações tanto positivas quanto
negativas, aos olhares de outras pessoas e suscetíveis, também, as suas
análises e aos seus próprios egos.
É preciso pensar o quanto realmente o indivíduo precisa ser acariciado e
reverenciado por seus pares e em que isso agrega valor a sua personalidade!
É claro que o ser humano ao se relacionar com os outros espera deles um
retorno e um abrigo as suas considerações, contudo essa atenção e essa
cumplicidade nem sempre suprem suas angústias individuais, aumentando
com isso os temores e as frustrações, desequilibrando o indivíduo que na
maioria das vezes não está preparado para enfrentar essas situações que
naturalmente fazem parte da convivência social.
É natural que queiramos estar no centro das atenções, agindo dentro do grupo
compartilhando idéias e situações, e sermos aceitos pelos demais, afinal
vivemos em sociedade e necessitamos dessa interação para nos sentirmos
vivos, participativos e até mesmo para nos afirmarmos como sujeitos. Contudo
é preciso, sobretudo observar e buscar separar as reais necessidades do
sujeito, as do Eu interior, daquelas que só servirão para manutenção do ego,
isso poderá ser o começo do aprimoramento pessoal, de uma vida mais livre,
pois ao identificarmos tais premissas e as isolarmos poderemos lidar melhor
com os sentimentos gerados por elas e então efetivamente trabalhar o seu
controle e domínio.
As pessoas dominadas pelo ego perdem o foco, ficam amargas e deixam de
contribuir efetivamente com a sociedade, pois estão preocupadas em resolver
suas inquietudes instigadas pelas necessidades do ego, ao invés de analisar
as circunstâncias de forma lógica e conveniente para um discernimento
coerente e saudável.
Procurar chegar ao equilíbrio entre o Eu e o Ego não é uma tarefa fácil, pois
sequer nos damos conta desses dois aspectos tão distintos e tão próximos,
cada qual com suas diferentes necessidades e finalidades as quais aumentam,
ainda mais, a complexidade do ser humano.
Ao longo da história constatamos o quanto o ego pode contribuir para o bem e
para o mal, então fazer uma análise dessas proporções em nossas vidas pode
nos levar a querer saber o quanto ele tem contribuído para o nosso
melhoramento, nossa felicidade e nossa plenitude como sujeitos, nos
proporcionando um aprendizado, contribuindo para uma vida melhor ou
simplesmente interferindo de forma desorganizada em nossas vidas e daqueles
que nos rodeiam. O ego só é benéfico quando gera crescimento individual e
através dele avanços coletivos.
Observar e distinguir nas situações protagonizadas, a quem estamos
respondendo, ao Eu ou ao Ego, é saber diferenciar essas necessidades e
equilibrá-las para que possamos aprender o que realmente importa para o
nosso crescimento.
Afinal, Como queremos conduzir nossas vidas? Como nos sentimos em
relação aos outros? Que valores precisamos para sermos felizes? Estas
questões devem constantemente habitar nossas mentes a procura de
respostas para que tenhamos uma concreta noção da importância das atitudes
que tomamos e dos caminhos que trilhamos nessa intrincada relação com o
outro e que possamos a cada passo buscar alcançar uma vida produtiva e
plena.
Portanto, dominar nossos sentimentos, nosso inflado ego e resgatar a essência
do nosso Eu interior, livre de vaidades e sentimentos inferiores que nos abalam
pelas incertezas que produzem, impedindo nosso crescimento interior, deve ser
uma constante busca do verdadeiro caminho que devemos percorrer a fim de
alcançar a luz da sabedoria.