sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Dia dos finados


No dia 2 de novembro, aqui no Brasil, celebramos o dia dos finados, mais que reverenciar nossos antepassados são feitas visitas, limpezas e colocação de oferendas (como velas e flores) nos túmulos dos familiares, quase todo mundo católico faz isso, contudo é preciso dedicação a vida, por ser uma breve passagem e não sabermos o que nos reserva o futuro, sabendo que todos passaremos por este estágio, afinal o corpo é finito, embora acreditemos que o espírito é imortal.Sou apreciador de arquitetura e estudando a história da arte fiquei mais interessado no tema, nos estilos, nas construções, nos ornamentos e não posso deixar de citar um estilo que admiro muito que é o GÓTICO.
Ao longo da história o gótico classificou diversas manifestações artísticas, estéticas e comportamentais. A palavra gótico deriva-se de Godos, povo germânico considerado bárbaro que diluiu-se aproximadamente no ano 700 d.C. Como metáfora, o termo foi usado pela primeira vez no início da Renascença, para designar pejorativamente a tendência arquitetônica, criada pela Igreja Católica, da baixa Idade Média e, por conseqüência, toda produção artística deste período. Assim, a arquitetura foi classificada como gótica, referindo-se ao seu estilo "bárbaro", se comparado às tendências românicas da época.
No século XVIII, o termo Gótico passa a designar uma parcela da literatura romântica. Como a Idade Média também é conhecida como "Idade das Trevas", o termo é aplicado como sinônimo de medieval, sombrio, macabro e por vezes, sobrenatural.
De lá para cá muito se falou e representou na cultura gótica, designando algo sombrio e obscuro, porém é um estilo rico em detalhes, vejam as catedrais góticas e outros tipos de representações, firmou-se também um estilo de comportamento, principalmente pelos jovens que na sua busca por afirmação adotaram uma maneira diferente de serem identificados e expressar suas opiniões.
Creio que os cemitérios, apesar de lugares que não estamos acostumados a usar como referência, talvez pela fragilidade da vida, têm muitas histórias, suas construções e seus ornamentos deixam expressas mensagens que podemos decifrar.
É o caso da presença de anjos nos cemitérios, são geralmente representações dos mensageiros de Deus, contudo cada um apresenta seu simbolismo e uma característica específica, como por exemplo:
Arcanjo Miguel - É distinguido através de sua lança em combate ao demônio, que é representado por um dragão ou uma serpente. Esta figura refere-se a fé do falecido.
Anjo triste - Um anjo com feições pesarosas e aflitas refere-se a lamentação pela morte.
Anjo mensageiro - A figura de um Anjo carregando uma pessoa significa que o Mensageiro de Deus conduz o falecido aos céus.
Anjo voando - Um anjo voando solitariamente representa a Ressurreição.
Querubim - Os Querubins são usados para identificar túmulos de crianças. fonte: Spectrum

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

PP RS - posse do Presidente

O Diretório Estadual do Partido Progressista elegeu segunda-feira (19) a nova Executiva Estadual do partido para o biênio 2009 - 2011. O presidente eleito Pedro Bertolucci, bem como os novos integrantes da Executiva foram apresentados aos progressistas e empossados, em jantar festivo no CTG 35, em Porto Alegre.

Pedro Bertolucci foi eleito por consenso, na convenção estadual de 26 de setembro, onde os progressistas também elegeram o novo diretório, que conta com representantes de Passo Fundo. O ex-prefeito de Gramado, junto com os novos eleitos na executiva, terão a missão de conduzir os rumos do partido progressista visando às eleições de 2010 . Bertolucci substituiu o atual presidente deputado estadual Jerônimo Goergen, que esteve no comando do partido nos últimos dois anos, onde conquistou, junto com a atual Executiva, a recondução do PP-RS à condição de partido com maior número de Prefeitos, Vice Prefeitos e Vereadores do Estado.

Fizeram-se presentes o evento uma comitiva de Passo Fundo, integrada pelo presidente do MTP Prof.Rangel C. Rodrigues, presidente municipal do PP Marcos Susin, Paulo Pontual, além da Vice-prefeita de Coxilha Eni W.Bassegio entre outras lideranças.

Na oportunidade foram feitos muitos contatos e a participação de Passo Fundo em eventos estaduais reafirmam a disposição do PP municipal em participar ativamente das atividades progressistas nos próximos meses, fazendo uma política mais direcionada e atuante.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

I JUCA PIRAMA

Nunca esqueço como aprendi a gostar de literatura, foram durante as aulas do professor Ironi Andrade, e lá se vão alguns anos, quando ele interpretava partes dos poemas, com tanta expressão, que nunca esqueci de I Juca Pirama de Gonçalves Dias.
Ao ver essa foto de Roberta jardim no site de 1000 imagens.com, recordei do poema e como se trata de uma excelente foto a compartilho juntamente com o poema que representa bem a garra desse povo cheio de histórias.

No meio das tabas de amenos verdores, Cercadas de troncos — cobertos de flores, Alteiam-se os tetos d’altiva nação; São muitos seus filhos, nos ânimos fortes, Temíveis na guerra, que em densas coortes Assombram das matas a imensa extensão.
São rudos, severos, sedentos de glória, Já prélios incitam, já cantam vitória, Já meigos atendem à voz do cantor: São todos Timbiras, guerreiros valentes! Seu nome lá voa na boca das gentes, Condão de prodígios, de glória e terror!
As tribos vizinhas, sem forças, sem brio, As armas quebrando, lançando-as ao rio, O incenso aspiraram dos seus maracás: Medrosos das guerras que os fortes acendem, Custosos tributos ignavos lá rendem, Aos duros guerreiros sujeitos na paz.
No centro da taba se estende um terreiro, Onde ora se aduna o concílio guerreiro Da tribo senhora, das tribos servis: Os velhos sentados praticam d’outrora, E os moços inquietos, que a festa enamora, Derramam-se em torno dum índio infeliz.
Quem é? — ninguém sabe: seu nome é ignoto, Sua tribo não diz: — de um povo remoto Descende por certo — dum povo gentil; Assim lá na Grécia ao escravo insulano Tornavam distinto do vil muçulmano As linhas corretas do nobre perfil.
Por casos de guerra caiu prisioneiro Nas mãos dos Timbiras: — no extenso terreiro Assola-se o teto, que o teve em prisão; Convidam-se as tribos dos seus arredores, Cuidosos se incubem do vaso das cores, Dos vários aprestos da honrosa função.
Acerva-se a lenha da vasta fogueira Entesa-se a corda da embira ligeira, Adorna-se a maça com penas gentis: A custo, entre as vagas do povo da aldeia Caminha o Timbira, que a turba rodeia, Garboso nas plumas de vário matiz.
Em tanto as mulheres com leda trigança, Afeitas ao rito da bárbara usança, O índio já querem cativo acabar: A coma lhe cortam, os membros lhe tingem, Brilhante enduape no corpo lhe cingem, Sombreia-lhe a fronte gentil canitar, Em fundos vasos d’alvacenta argila Ferve o cauim; Enchem-se as copas, o prazer começa, Reina o festim. O prisioneiro, cuja morte anseiam, Sentado está, O prisioneiro, que outro sol no ocaso Jamais verá! A dura corda, que lhe enlaça o colo, Mostra-lhe o fim Da vida escura, que será mais breve Do que o festim! Contudo os olhos d’ignóbil pranto Secos estão; Mudos os lábios não descerram queixas Do coração. Mas um martírio , que encobrir não pode, Em rugas faz A mentirosa placidez do rosto Na fronte audaz! Que tens, guerreiro? Que temor te assalta No passo horrendo? Honra das tabas que nascer te viram, Folga morrendo. Folga morrendo; porque além dos Andes Revive o forte, Que soube ufano contrastar os medos Da fria morte.
Rasteira grama, exposta ao sol, à chuva, Lá murcha e pende: Somente ao tronco, que devassa os ares, O raio ofende! Que foi? Tupã mandou que ele caísse, Como viveu; E o caçador que o avistou prostrado Esmoreceu! Que temes, ó guerreiro? Além dos Andes Revive o forte, Que soube ufano contrastar os medos Da fria morte.

Em larga roda de novéis guerreiros Ledo caminha o festival Timbira, A quem do sacrifício cabe as honras, Na fronte o canitar sacode em ondas, O enduape na cinta se embalança, Na destra mão sopesa a iverapeme, Orgulhoso e pujante. — Ao menor passo Colar d’alvo marfim, insígnia d’honra, Que lhe orna o colo e o peito, ruge e freme, Como que por feitiço não sabido Encantadas ali as almas grandes Dos vencidos Tapuias, inda chorem Serem glória e brasão d’imigos feros.
"Eis-me aqui", diz ao índio prisioneiro; "Pois que fraco, e sem tribo, e sem família, "As nossas matas devassaste ousado, "Morrerás morte vil da mão de um forte."
Vem a terreiro o mísero contrário; Do colo à cinta a muçurana desce: "Dize-nos quem és, teus feitos canta, "Ou se mais te apraz, defende-te." Começa O índio, que ao redor derrama os olhos, Com triste voz que os ânimos comove.

Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi: Sou filho das selvas, Nas selvas cresci; Guerreiros, descendo Da tribo tupi. Da tribo pujante, Que agora anda errante Por fado inconstante, Guerreiros, nasci; Sou bravo, sou forte, Sou filho do Norte; Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi. Já vi cruas brigas, De tribos imigas, E as duras fadigas Da guerra provei; Nas ondas mendaces Senti pelas faces Os silvos fugaces Dos ventos que amei. Andei longes terras Lidei cruas guerras, Vaguei pelas serras Dos vis Aimoréis; Vi lutas de bravos, Vi fortes — escravos! De estranhos ignavos Calcados aos pés. E os campos talados, E os arcos quebrados, E os piagas coitados Já sem maracás; E os meigos cantores, Servindo a senhores, Que vinham traidores, Com mostras de paz. Aos golpes do imigo, Meu último amigo, Sem lar, sem abrigo Caiu junto a mi! Com plácido rosto, Sereno e composto, O acerbo desgosto Comigo sofri.
Meu pai a meu lado Já cego e quebrado, De penas ralado, Firmava-se em mi: Nós ambos, mesquinhos, Por ínvios caminhos, Cobertos d’espinhos Chegamos aqui! O velho no entanto Sofrendo já tanto De fome e quebranto, Só qu’ria morrer! Não mais me contenho, Nas matas me embrenho, Das frechas que tenho Me quero valer. Então, forasteiro, Caí prisioneiro De um troço guerreiro Com que me encontrei: O cru dessossêgo Do pai fraco e cego, Enquanto não chego Qual seja, — dizei! Eu era o seu guia Na noite sombria, A só alegria Que Deus lhe deixou: Em mim se apoiava, Em mim se firmava, Em mim descansava, Que filho lhe sou. Ao velho coitado De penas ralado, Já cego e quebrado, Que resta? — Morrer. Enquanto descreve O giro tão breve Da vida que teve, Deixai-me viver! Não vil, não ignavo, Mas forte, mas bravo, Serei vosso escravo: Aqui virei ter. Guerreiros, não coro Do pranto que choro: Se a vida deploro, Também sei morrer.

Soltai-o! — diz o chefe. Pasma a turba; Os guerreiros murmuram: mal ouviram, Nem pode nunca um chefe dar tal ordem! Brada segunda vez com voz mais alta, Afrouxam-se as prisões, a embira cede, A custo, sim; mas cede: o estranho é salvo. Timbira, diz o índio enternecido, Solto apenas dos nós que o seguravam: És um guerreiro ilustre, um grande chefe, Tu que assim do meu mal te comoveste, Nem sofres que, transposta a natureza, Com olhos onde a luz já não cintila, Chore a morte do filho o pai cansado, Que somente por seu na voz conhece. — És livre; parte. — E voltarei. — Debalde. — Sim, voltarei, morto meu pai. — Não voltes! É bem feliz, se existe, em que não veja, Que filho tem, qual chora: és livre; parte! — Acaso tu supões que me acobardo, Que receio morrer! — És livre; parte! — Ora não partirei; quero provar-te Que um filho dos Tupis vive com honra, E com honra maior, se acaso o vencem, Da morte o passo glorioso afronta.
— Mentiste, que um Tupi não chora nunca, E tu choraste!... parte; não queremos Com carne vil enfraquecer os fortes. Sobresteve o Tupi: — arfando em ondas O rebater do coração se ouvia Precípite. — Do rosto afogueado Gélidas bagas de suor corriam: Talvez que o assaltava um pensamento... Já não... que na enlutada fantasia, Um pesar, um martírio ao mesmo tempo, Do velho pai a moribunda imagem Quase bradar-lhe ouvia: — Ingrato! Ingrato! Curvado o colo, taciturno e frio. Espectro d’homem, penetrou no bosque!

— Filho meu, onde estás? — Ao vosso lado; Aqui vos trago provisões; tomai-as, As vossas forças restaurai perdidas, E a caminho, e já! — Tardaste muito! Não era nado o sol, quando partiste, E frouxo o seu calor já sinto agora! — Sim demorei-me a divagar sem rumo, Perdi-me nestas matas intrincadas, Reaviei-me e tornei; mas urge o tempo; Convém partir, e já! — Que novos males Nos resta de sofrer? — que novas dores, Que outro fado pior Tupã nos guarda? — As setas da aflição já se esgotaram, Nem para novo golpe espaço intacto Em nossos corpos resta. — Mas tu tremes! — Talvez do afã da caça.... — Oh filho caro! Um quê misterioso aqui me fala, Aqui no coração; piedosa fraude Será por certo, que não mentes nunca! Não conheces temor, e agora temes? Vejo e sei: é Tupã que nos aflige, E contra o seu querer não valem brios. Partamos!...

— E com mão trêmula, incerta Procura o filho, tateando as trevas Da sua noite lúgubre e medonha. Sentindo o acre odor das frescas tintas, Uma idéia fatal ocorreu-lhe à mente... Do filho os membros gélidos apalpa, E a dolorosa maciez das plumas Conhece estremecendo: — foge, volta, Encontra sob as mãos o duro crânio, Despido então do natural ornato!... Recua aflito e pávido, cobrindo Às mãos ambas os olhos fulminados, Como que teme ainda o triste velho De ver, não mais cruel, porém mais clara, Daquele exício grande a imagem viva Ante os olhos do corpo afigurada. Não era que a verdade conhecesse Inteira e tão cruel qual tinha sido; Mas que funesto azar correra o filho, Ele o via; ele o tinha ali presente; E era de repetir-se a cada instante. A dor passada, a previsão futura E o presente tão negro, ali os tinha; Ali no coração se concentrava, Era num ponto só, mas era a morte!

— Tu prisioneiro, tu? — Vós o dissestes. — Dos índios? — Sim. — De que nação? — Timbiras.
— E a muçurana funeral rompeste, Dos falsos manitôs quebraste a maça... — Nada fiz... aqui estou. — Nada! — Emudecem; Curto instante depois prossegue o velho: — Tu és valente, bem o sei; confessa, Fizeste-o, certo, ou já não fôras vivo! — Nada fiz; mas souberam da existência De um pobre velho, que em mim só vivia.... — E depois?... — Eis-me aqui. — Fica essa taba?
— Na direção do sol, quando transmonta. — Longe? — Não muito. — Tens razão: partamos. — E quereis ir?... — Na direção do acaso.

"Por amor de um triste velho, Que ao termo fatal já chega, Vós, guerreiros, concedestes A vida a um prisioneiro. Ação tão nobre vos honra, Nem tão alta cortesia Vi eu jamais praticada Entre os Tupis, — e mas foram Senhores em gentileza.
"Eu porém nunca vencido, Nem nos combates por armas, Nem por nobreza nos atos; Aqui venho, e o filho trago. Vós o dizeis prisioneiro, Seja assim como dizeis; Mandai vir a lenha, o fogo, A maça do sacrifício E a muçurana ligeira: Em tudo o rito se cumpra! E quando eu for só na terra, Certo acharei entre os vossos, Que tão gentis se revelam, Alguém que meus passos guie; Alguém, que vendo o meu peito Coberto de cicatrizes, Tomando a vez de meu filho, De haver-me por pai se ufane!" Mas o chefe dos Timbiras, Os sobrolhos encrespando, Ao velho Tupi guerreiro Responde com tôrvo acento:
— Nada farei do que dizes: É teu filho imbele e fraco! Aviltaria o triunfo Da mais guerreira das tribos Derramar seu ignóbil sangue: Ele chorou de cobarde; Nós outros, fortes Timbiras, Só de heróis fazemos pasto. —
Do velho Tupi guerreiro A surda voz na garganta Faz ouvir uns sons confusos, Como os rugidos de um tigre, Que pouco a pouco se assanha!

"Tu choraste em presença da morte? Na presença de estranhos choraste? Não descende o cobarde do forte; Pois choraste, meu filho não és! Possas tu, descendente maldito De uma tribo de nobres guerreiros, Implorando cruéis forasteiros, Seres presa de vis Aimorés.
"Possas tu, isolado na terra, Sem arrimo e sem pátria vagando, Rejeitado da morte na guerra, Rejeitado dos homens na paz, Ser das gentes o espectro execrado; Não encontres amor nas mulheres, Teus amigos, se amigos tiveres, Tenham alma inconstante e falaz!
"Não encontres doçura no dia, Nem as cores da aurora te ameiguem, E entre as larvas da noite sombria Nunca possas descanso gozar: Não encontres um tronco, uma pedra, Posta ao sol, posta às chuvas e aos ventos, Padecendo os maiores tormentos, Onde possas a fronte pousar.
"Que a teus passos a relva se torre; Murchem prados, a flor desfaleça, E o regato que límpido corre, Mais te acenda o vesano furor; Suas águas depressa se tornem, Ao contacto dos lábios sedentos, Lago impuro de vermes nojentos, Donde fujas com asco e terror!
"Sempre o céu, como um teto incendido, Creste e punja teus membros malditos E oceano de pó denegrido Seja a terra ao ignavo tupi! Miserável, faminto, sedento, Manitôs lhe não falem nos sonhos, E do horror os espectros medonhos Traga sempre o cobarde após si.
"Um amigo não tenhas piedoso Que o teu corpo na terra embalsame, Pondo em vaso d’argila cuidoso Arco e frecha e tacape a teus pés! Sê maldito, e sozinho na terra; Pois que a tanta vileza chegaste, Que em presença da morte choraste, Tu, cobarde, meu filho não és."

Isto dizendo, o miserando velho A quem Tupã tamanha dor, tal fado Já nos confins da vida reservara, Vai com trêmulo pé, com as mãos já frias Da sua noite escura as densas trevas Palpando. — Alarma! alarma! — O velho pára! O grito que escutou é voz do filho, Voz de guerra que ouviu já tantas vezes Noutra quadra melhor. — Alarma! alarma! — Esse momento só vale a pagar-lhe Os tão compridos transes, as angústias, Que o frio coração lhe atormentaram
De guerreiro e de pai: — vale, e de sobra. Ele que em tanta dor se contivera, Tomado pelo súbito contraste, Desfaz-se agora em pranto copioso, Que o exaurido coração remoça.
A taba se alborota, os golpes descem, Gritos, imprecações profundas soam, Emaranhada a multidão braveja, Revolve-se, enovela-se confusa, E mais revolta em mor furor se acende. E os sons dos golpes que incessantes fervem, Vozes, gemidos, estertor de morte Vão longe pelas ermas serranias Da humana tempestade propagando Quantas vagas de povo enfurecido Contra um rochedo vivo se quebravam.
Era ele, o Tupi; nem fora justo Que a fama dos Tupis — o nome, a glória, Aturado labor de tantos anos, Derradeiro brasão da raça extinta, De um jacto e por um só se aniquilasse.
— Basta! Clama o chefe dos Timbiras, — Basta, guerreiro ilustre! Assaz lutaste, E para o sacrifício é mister forças. — O guerreiro parou, caiu nos braços Do velho pai, que o cinge contra o peito, Com lágrimas de júbilo bradando: "Este, sim, que é meu filho muito amado!
"E pois que o acho enfim, qual sempre o tive, "Corram livres as lágrimas que choro, "Estas lágrimas, sim, que não desonram."

Um velho Timbira, coberto de glória, Guardou a memória Do moço guerreiro, do velho Tupi! E à noite, nas tabas, se alguém duvidava Do que ele contava, Dizia prudente: — "Meninos, eu vi!
"Eu vi o brioso no largo terreiro Cantar prisioneiro Seu canto de morte, que nunca esqueci: Valente, como era, chorou sem ter pejo; Parece que o vejo, Que o tenho nest’hora diante de mi.
"Eu disse comigo: Que infâmia d’escravo! Pois não, era um bravo; Valente e brioso, como ele, não vi! E à fé que vos digo: parece-me encanto Que quem chorou tanto, Tivesse a coragem que tinha o Tupi!" Assim o Timbira, coberto de glória, Guardava a memória Do moço guerreiro, do velho Tupi. E à noite nas tabas, se alguém duvidava Do que ele contava, Tornava prudente: "Meninos, eu vi!".

terça-feira, 13 de outubro de 2009

15 de outubro - Feliz dia dos professores !!

Recebi essa charge de um amigo e como professor não poderia deixar de compatilhar, afinal, nos dias de hoje são os professores que sofrem, literalmente, com as notas baixas de seus alunos.
o texto abaixo faz parte da charge, transcrevo:
"Todo mundo 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?" Essa pergunta foi a vencedora em um congresso sobre vida sustentável.
Uma criança que aprende o respeito e a honra dentro de casa e recebe o exemplo vindo de seus pais, torna-se um adulto comprometido em todos os aspectos, inclusive em respeitar o planeta onde vive...o papel da escola é passar o conhecimento e não a educação.
Registro minha homenagem aos meus colegas professores da rede pública que apesar das dificuldades tentam fazer da educação um caminho para o crescimento cidadão.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Dia das crianças!

No próximo dia 12 de outubro estaremos comemorando mais um "dia das crianças" esse dia deveria ser comemorado todos os dias, com respeito, possibilidades, carinho, atenção e principalmente proteção.
Quantas crianças passam necessidades não só no nosso Brasil, mas nos quatro cantos do globo, são vitimas da desnutrição, do desamparo, da falta de carinho, do comprometimento dos pais, da intolerância, das guerras, do preconceito ou simplesmente da insensatez humana que reafirma a condição do homem como um animal apesar de racional.
Vemos campanhas bonitas na TV, ONGs e outras instituições defendendo os direitos da criança, a vida, a infância, a alimentação e até a busca do amparo pela sociedade, porém isso nem sempre funciona; estamos cada vez mais desatentos aos problemas da criança e da juventude, as questões das drogas que estão se alastrando em alta velocidade atingindo não só adultos, mas principalmente adolescentes e até crianças, a prostituição infantil que envergonha nossa sociedade pela incapacidade de preservar a inocência dos nossos pequenos.
É preciso bem mais que belos discursos ou projetos sazonais, é preciso uma política pública que vá além do Estatuto da Criança e adolescente que de certa forma tirou um pouco da autoridade dos pais que querem realmente educar e formar filhos cidadãos, pois quase nada é permitido.
Fala-se hoje em dia no respeito ao espaços dos filhos, por exemplo na internet, nos seus quartos, na sua privacidade, quando em nome dessa tal liberdade ficamos alheios ao que nossas crianças estão fazendo e com quem estão "ligados" ao se exporem pela falta de experiência aos olhares maliciosos de adultos doentes e pervertidos.
O que devemos fazer então para que tenhamos realmente dias das crianças! Creio que primeiramente devemos ter consciência que, utopicamente, toda e qualquer criança é responsabilidade da sociedade e seus cidadãos, que as ações com relação a elas tem que ser imediatas, livres da nossa tradicional burocracia, que as situações de risco devem ser evitadas pelos órgãos de repreenção do estado, que a escola deve ser o lugar para troca de experiência, para o aconhego mas principalmente além de um lugar lúdico deve dar disciplina, pois ela muitas vezes não é mais praticada em casa, pelos pais, que na sua maioria trabalham fora para poder sustentar suas familias e acabam não tendo tempo para os próprios filhos.
Então, será que um dia viveremos numa sociedade mais justa, principalmente com essas sementes que são as crianças ou ficaremos sujeitos a nossa própria sorte ao criarmos futuros adultos desorientados, drogados e sem esperança de futuro, que tipo de sociedade teremos! Que sociedade queremos!
Precisamos preservar a vida, a inocência, o respeito as nossas crianças para que cresçam e sejam verdadeiros cidadões para que no futuro, quem sabe, possam resgatar os verdadeiros valores da sociedade e o próprio ser como humano!
foto: 1000imagens.com - autor Paulo Santos

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Materia escura

O espaço está se tornando cada vez mais objeto de estudo, muitos pensam que a terra já é um grande campo a ser explorado e os problemas aqui muitos para serem resolvidos.
Contudo não devemos deixar de buscar respostas a perguntas intrigantes como: De onde viemos? Existe vida em outros planetas? Estas questões são no mínimo merecedoras de reflexões, já que são diversas as áreas do conhecimento e os interesses dos pesquisadores.
Os estudos, sobre a matéria escura, realizados pelo MIT, por exemplo são prova que existem mais coisas que sonham nossa vã filosofia.
É preciso buscar e aprimorar nossos conhecimentos sobre o cosmos, graças a estas preocupações muito já se avançou em conhecimentos e benefícios para a humanidade.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

BUSQUE AMOR NOVAS ARTES

Busque Amor novas artes, novo engenho
Pera matar-me, e novas esquivanças,
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, enquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê,

Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como e dói não sei porquê.

(Luís de Camões)